Today we’ve added biking directions and extensive bike trail data to Google Maps for the U.S. My team has been keeping close tabs on all the public support for biking directions that’s been steadily coming in, but we knew that when we added the feature, we wanted to do it right: we wanted to include as much bike trail data as possible, provide efficient routes, allow riders to customize their trip, make use of bike lanes, calculate rider-friendly routes that avoid big hills and customize the look of the map for cycling to encourage folks to hop on their bikes. So that’s exactly what we’ve done.
Here’s a quick little screenshot (or, go try them out now):
And here’s a quick video of how to use the bike directions:
(clique para ampliar)Este impressionante mapa de Portugal Continental está preenchido apenas com uma coisa: estradas. Não todas as estradas. São apenas as estradas pavimentadas. Não tem mais nada. Só estradas pavimentadas. Das auto-estradas às estradas municipais, todas as que estão “alcatroadas” (digamos assim para facilitar) estão lá. Aquelas manchas negras são, pois, "concentrados de estradas alcatroadas".
Mas este mapa tem uma pequena particularidade: não é atual. A Nossa Terrinha não conseguiu descobrir um mapa atual com toda a rede de estradas pavimentadas. Este mapa tem 25 anos: data de 1985. Ou seja, exatamente antes dos fundos comunitários - por outras palavras, antes do grande boom do alcatrão em Portugal! Em nenhuma outra época se construíram tantas estradas em Portugal como no último quarto de século. Nos últimos 25 anos, construíram-se milhares e milhares de quilómetros de auto-estradas, vias rápidas, estradas nacionais, variantes, circulares, estradas regionais, estradas municipais... Estradas, estradinhas e estradões. Podemos, pois, imaginar o mapa de cima atualizado, certamente com bastantes mais manchas negras …O povo regozija-se com o festim. São "sinais de desenvolvimento". Mas teremos razões para festejar?
É difícil ter uma noção nítida da real dimensão dos impactos de toda esta infra-estruturação. Eles são, antes de mais, ambientais. Como a impermeabilização dos solos; a redução do coberto vegetal; a erosão; a inutilização de terrenos com aptidão para outro tipo de utilização relevante (muitas estradas foram e continuam a ser construídas em terrenos desafetados – para esse efeito – da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional, ou seja, os melhores terrenos que o país tem – isto já para não falar dos casos de auto-estradas e vias rápidas construídas em plenas áreas protegidas); os efeitos irreversíveis causados na vida selvagem, decorrentes, por exemplo, do fatal efeito de barreira que sucessivas estradas pavimentadas originam (como se explicava numa emissão muito recente do Biosfera), do atropelamento de animais (mais um grande flagelo das estradas portuguesas, que nenhum governante parece interessado em travar) e de outro tipo de efeitos nocivos para os animais causados pelo trânsito automóvel, como ruído, poluição atmosférica, lixo e iluminação (no mínimo, a dos faróis dos veículos); danos irreversíveis em ecossistemas e na biodiversidade; aumento do risco de incêndios florestais; aumento do risco de cheias; o aumento do risco de derrocadas, em consequência da instabilidade de taludes; contaminação das águas subterrâneas (aquíferos) e das águas superficiais (rios, ribeiras, lagos), por efeito das águas pluviais misturadas com óleos e outras substâncias poluentes libertadas pelo trânsito automóvel; e, claro, cada nova estrada é um incentivo acrescido à utilização do automóvel, um dos meios de transporte mais poluentes que existem e que tem uma contribuição central para o efeito de estufa.
Temos, depois, os impactos sociais, não menos desprezíveis. A começar nos impactos muito nocivos do trânsito automóvel na saúde humana, por efeito do ruído e das substâncias poluentes libertadas para a atmosfera. O aumento de risco de acidentes rodoviários – que na nossa terrinha já são um drama -, por efeito, por exemplo, da diminuição da fiscalização do cumprimento do Código da Estrada (quanto mais estradas a fiscalizar, menor é a ratio fiscalização por km) e da degradação do pavimento de mais estradas (por haver cada vez mais estradas para manter e o dinheiro não esticar…). Existe ainda o enorme custo social das expropriações realizadas para a construção ou alargamento de estradas, que provoca, muitas vezes, verdadeiros dramas: pessoas que são “expulsas” das suas terras e das suas casas para ser realojadas em locais onde não raramente perdem qualidade de vida e se sentem completamente desenraizadas – já para não falar dos meios de subsistência que muitas vezes se perdem irremediavelmente, sem que se consiga arranjar alternativa. O efeito de segregação / intrusão que as estradas muitas vezes provocam. Tudo efeitos mais do que suficientes para que o investimento em nova rodovia merecesse muito maior ponderação.
Por fim, os custos financeiros. Os custos que as estradas envolvem são verdadeiramente astronómicos.
Esqueçamos todos os custos indiretos, que são muitos, como por exemplo as despesas de saúde acrescidas, a perda económica decorrente da inutilização de recursos naturais, a reparação de prejuízos de cheias, os imensos danos causados no património imobiliário vizinho (incluindo o património histórico) ou os enormes custos financeiros para o país - para todos nós - decorrentes do incumprimento dos nossos limites de emissões de gases para a atmosfera – só para citar alguns exemplos. Vamos até esquecer estes custos indiretos. Consideremos apenas os custos diretos.
Estes são, em primeiro lugar, os custos relacionados com a construção de uma estrada. Falamos dos encargos diretos da construção (a obra propriamente dita: projetos, materiais, mão-de-obra, máquinas, veículos e outros, acrescidos das derrapagens do costume), mas também dos indiretos, como sejam os encargos com as expropriações dos terrenos necessários para a construção / alargamento da estrada e eventuais realojamentos, custos estes que chegam a ser avultadíssimos (dependendo do local onde a obra é feita).
Mas o custo de uma estrada não se fica pelo valor gasto ao tempo da sua construção: existem depois os restantes custos, que perduram no tempo - os custos de manutenção de uma estrada pavimentada, que normalmente são “esquecidos” quando é tomada a decisão de a construir. São custos que se renovam periodicamente, tantas vezes quantas as que forem necessárias. A periodicidade, que chega a ser anual, depende, por exemplo, dos índices de pluviosidade da respetiva região.
Ninguém tem uma ideia exata dos montantes de que estamos a falar. Seria precisa uma extensa auditoria às contas dos últimos 20 anos de milhares de autarquias locais (municípios, freguesias, regiões), do Estado, de organismos autónomos como a Estradas de Portugal e outros para se fazer esse cálculo. Mas não são precisos muitos cálculos para perceber que estamos a falar de muito, muito, muito dinheiro. O mapa acima mostrado – muito desatualizado – representa mais de 40 mil quilómetros de estradas “alcatroadas”. Só para se ter uma ideia de quanto custa manter uma estrada:
- a beneficiação do pequeno troço de 6,5 km da pequena estrada municipal n.º 510 do concelho de Penedono (Beira Alta), entre Penedono e a localidade de Ourozinho custa “apenas” 400 mil euros: mais de 60 mil euros por quilómetro…;
- a reparação de um minúsculo troço de 4,4 km da Estrada Nacional n.º 319, no concelho de Penafiel, custa “apenas” mais de 70 mil euros;
- a simples “reconversão” de um cruzamento no concelho de Santo Tirso custa “só” 200 mil euros;
- a beneficiação do minúsculo troço de 4 km da Estrada Nacional n.º 338 entre a EN18 e Maçainhas, no concelho da Guarda, custa 150 mil euros;
- a reparação da estrada municipal n.º 568 do concelho de Penafiel, entre Castelões e o limite do concelho, custa “apenas” 150 mil euros;
- a beneficiação de um troço de 5 km da estrada municipal n.º 571 do concelho da Lousã (Beira Litoral), entre a Marmeleira e Vale Escuro, custa quase 90 mil euros;
- a simples construção de um muro de suporte à Estrada Nacional n.º 248-3, junto à Quinta de Santo António, custa aos cofres da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira a "módica" quantia de 230 mil euros;- no município de Ponte da Barca, 140 metros (cento e quarenta metros) de estrada municipal custam "só" 150 mil euros;
- no mesmo município, um simples muro de suporte em 110 metros (cento e dez metros) de estrada municipal custa cerca de 140 mil euros;
- a requalificação de 4 km de estrada municipal entre Gumiei e Ribafeita custa à Junta de Freguesia de Ribafeita (Beira Alta) mais de 110 mil euros;
- a repavimentação de 2 km da estrada municipal n.º 572 do concelho de Valpaços, que liga Sanfins à Estrada Nacional n.º 206, custa mais de 110 mil euros;
- uma “intervenção” na estrada municipal do Algar Seco, no concelho da Lagoa (Algarve), custa mais de 260 mil euros;
- a beneficiação de 2 km de estrada municipal entre Vilares e a Ponte das Poldras, no concelho de Vila Nova de Cerveira, custa mais de 100 mil euros;
- a repavimentação de um pequeno troço de 4 km de estrada municipal entre Escarigo e Vermiosa, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, custa aos cofres públicos 150 mil euros;
- no concelho de Nisa, a beneficiação da estrada municipal de ligação do caminho municipal n.º 1176 ao Balneário custa 125 mil euros;
- etc. (já perceberam a ideia: custa muito dinheiro manter uma estrada)
Só nestes 15 exemplos (como devem imaginar, há muitos mais), temos cerca de dois milhões e meio de euros gastos nos últimos meses - não chegamos sequer aos 50 quilómetros de estrada e ficámo-nos pelas estradas mais baratas: as municipais…
Somos um país pobre. Temos inúmeras carências de infra-estruturas, equipamentos e serviços: educação, saúde, justiça, cultura, preservação de património histórico e cultural… falta muito dinheiro em muitas áreas. E o que fazemos nós? Gastamos rios de dinheiro em estradas e na sua manutenção.
As estradas são necessárias. Não é isso que aqui está em causa. O problema é que há inúmeras estradas que são absolutamente dispensáveis e que apenas são ou foram construídas para mostrar obra feita ou sem uma relação de custo/benefício que as justificasse. Os exemplos são infindáveis e encontram-se em todas as zonas do país. Estradas e auto-estradas sem tráfego que as justifique. Estradas cuja única função útil é fazer a ligação a outras estradas, encurtando trajetos em distâncias irrelevantes. Muitas "variantes" que mais não constituem do que estradas paralelas a outras estradas, para se pouparem escassos minutos no trajeto, permitindo maiores velocidades de circulação. E até vias rápidas existem que estão praticamente às moscas, como é o vergonhoso caso do troço do IP2 paralelo à auto-estrada da Beira Interior (se acham que é exagero, aconselha-se uma visita ao local: é raro, raríssimo ver-se por lá um veículo)! Constroem-se muitas estradas novas ao lado das velhas, em vez de se renovarem estas últimas, como seria normal, provocando um efeito de esvaziamento de tráfego e transformando as estradas que ficam às moscas em autênticos sorvedouros de dinheiro público (custos de manutenção), sem retorno económico. E, tendencialmente, num país já cheio de estradas, as novas estradas que se vão construindo têm cada vez menor justificação. Isto quando o investimento em transportes públicos - sobretudo a ferrovia - continua a ser quase residual.
Era preciso acabar com este disparate nacional, que é um sorvedouro gigantesco do dinheiro dos nossos impostos, que podia ser canalizado para áreas mais prioritárias. É o dinheiro de todos nós (todos pagamos impostos, nem que seja apenas o IVA das compras que fazemos diariamente). Além dos limites de endividamento das autarquias, precisamos urgentemente que se fixem limites ao alcatroamento do país. Por isso, senhores governantes, nacionais e locais, se nos estiverem a ler, parem um pouco para pensar. Suspendam os projetos de construção de mais estradas. E peguem no camartelo e comecem a retirar pavimento às estradas dispensáveis. Sai mais barato do que continuar a mantê-las eternamente…
Os impactos de uma estrada são suficientemente importantes para devermos encarar este assunto com mais seriedade.
Fontes: os exemplos dados sobre os gastos de manutenção de estradas municipais foram retirados do Portal da Transparência na Administração Pública. As distâncias foram verificadas em mapas regionais.