Segundo o último censo populacional (2001), Alfama tinha 5000 habitantes. Dez anos antes, eram mais de 7700. A população envelhecida foi desaparecendo naturalmente. Outros tiveram de abandonar as suas casas, no início do século, durante os projectos camarários de reabilitação. Nunca mais voltaram.A especulação imobiliária não tardou e rapidamente os preços aumentaram. A pressão sobre os velhos residentes para "desimpedirem" prédios reabilitados intensificou-se. Os casos mais dramáticos acabaram em suicídio.
Entre os novos moradores, também houve quem se decepcionasse com os "falhanços" da recuperação urbana, com o condicionamento do trânsito ou com a falta de equipamentos de lazer e foram-se embora. Mas outros, como Frederico Carvalho, parecem estar para ficar. A morar em Alfama há quase três anos, este director de formação do Instituto de Medicina Tradicional, de 36 anos, ainda se lembra do dia em que foi conhecer uma casa que tinha visto na Internet. "Era um sábado de manhã, cheio de sol, e mal cheguei ao Largo de S. Miguel vi logo a vida matinal, com os putos a correr atrás da bola e as velhotas a contar as novidades da semana." Antes mesmo de ver a casa, já tinha decidido que queria morar ali.