20 bons motivos para ser Empreendedor

Todos nós temos dúvidas de vez em quando, sobretudo nestes tempos difíceis.

Perguntamos com alguma frequência porque que nos tornarmos empreendedores em vez daquele emprego estável, que paga um óptimo salário e que permite-nos sair (fechar a porta atrás de nós) às 18h00 e só pensar no trabalho na manhã seguinte.

Quanto tiveres dúvidas lê a lista aqui em baixo e lembra-te de que não há nada melhor do que ser empreendedor:

(Se ainda não és empreendedor usa estes motivos para convencer-te a dar o salto!)

  1. Porque construir uma empresa é a melhor diversão que podes ter (com roupa vestida)
  2. Porque ainda é a melhor maneira de ter tornares rico
  3. Porque se trabalhares para ti próprio controlas o teu próprio destino
  4. Porque permite-te seguir a tua paixão e ganhar dinheiro ao mesmo tempo
  5. Porque se tu és o patrão és tu quem fazes as regras
  6. Porque como empreendedor és tu que recebes a recompensa pelo o teu trabalho
  7. Porque construir uma equipa e desenvolver talento é muito gratificante
  8. Porque a concorrência não é tão boa e tu sabes que podes fazer melhor que eles
  9. Porque não há hierarquia na tua empresa - tudo é possível!
  10. Porque o pior que pode acontecer é perder algum tempo e algum dinheiro
  11. Porque nunca há falta de boas ideias
  12. Porque a independência e a liberdade fazem uma pessoa verdadeiramente feliz
  13. Porque podes construir em negócio com a tua família e amigos, e trabalharem juntos por uma causa comum
  14. Porque só vives uma vez
  15. Porque criar uma empresa de sucesso é a melhor marca que podes deixar
  16. Porque te dá um motivo para saltar da cama todas as manhãs
  17. Porque os inevitáveis desafios fazem parte do percurso de aprender
  18. Porque podes quando encontrares outros empreendedores falas a mesma língua
  19. Porque seja o que acontecer, vais aprender mais do que a fazer qualquer outra coisa
  20. Porque a vida não é feita de desculpas – é para agarrar o momento!
Ainda tens dúvidas?!

http://www.empreendedorismopositivo.com/2009/04/20-bons-motivos-para-ser-empreendedor.html

A Praxe - Um Contributo

via Tambem conhecido por by n-link on 4/28/09

(por Jorge Reis-Sá; publicado no jornal Público em Janeiro de 2003)


"É perigoso tomar o todo pelas partes. É mau, até. Não me parece sensato tomar como corrupto qualquer Presidente de Câmara só porque um deles – ou uma delas – está a ser ouvido pelo Ministério Público. Não me parece bem achar inúteis todos os dirigentes do nosso (deles?) futebol só porque alguns o são. Não me parece bem tomar o todo universitário nacional pelas partes que maltratam a sua tradição.

Entendo no entanto que é fácil fazê-lo. Porque a parte é enorme – não são poucos os estudantes que ainda hoje vêem as praxes mais como um veículo para catarse das suas próprias frustrações. Mas gostava apenas de humildemente contribuir com uma parte, uma pequena parte que foi a minha.

Fui estudante seis anos na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Caloiro, deslocado de casa – por opção mais do que por obrigação; Famalicão acaba sendo perto – apaixonei-me. Porque tive a sorte de ter quem me ensinasse o amor e a tristeza que lhe deu memória. Era a capa, o traje. Entrei na Faculdade com as borbulhas a desaparecerem da cara – finalmente! – e uma idade mais precoce do que a precoce idade com que se obrigam os jovens a decidir a vida. Tinha dezassete anos e ia um dia ser astrónomo. Quando me vi lá descobri o que é a praxe, o que é o traje, o que é ter uma capa envolta em nós. Ou o que nos permite sentir, porque a definição de praxe e academismo universitário é difícil e eu não me julgo capaz de a dizer.

Posso apenas dizer que fui abraçado pelo Grupo de Fados e Guitarradas da Faculdade. Era caloiro do Grupo, traça-capas, copeiro-mor – eu, o sempre abstémio, era tratado como o copeiro-mor: aquele que tinha sempre o maior copo, o de água. Fui julgado, como “reles” caloiro que era. Fui praxado, fui sujeito a coisas que me fizeram sorrir muito, me fazem sorrir enquanto me lembro. Não, não foram humilhações porque a humilhação só existe quando é nossa, quando a sentimos e eu nunca me senti, porque o não deixei, humilhado. Senti-me julgado, abrigado, amado até. Porque tive a sorte de saber o que é a verdadeira praxe, o verdadeiro – porque o meu, com um sorriso no canto do lábio – significado do traje. E o que é? É ter a capa em nós como uma alma. É uma iniciação à idade adulta como um querer crescer. É o olhar do meu pai, com os olhos molhados de lágrimas, quando me viu vestido de negro.

Podem – decerto devem – dizer: mas porque nos diz ele o que sentiu quando tão poucos o sentem? Porque gostava que olhassem todos para a praxe de forma diferente. Todos, saliento. A praxe é algo divertido quando bem feito. É algo importante, necessário até, quando nos sentimos fora de casa. É algo que nos fica nos ossos para a vida toda quando bem ensinado.

Entendo, no entanto, as preocupações, também as tenho. Já em Ciências, quando, depois de caloiro, me vi a ensinar aos outros, as sentia. Existiam pessoas de todos os tipos e gostos, praxando de todas as formas – doutores que pouco sabendo da praxe o faziam, que não queriam saber mas achavam que deviam, que sabiam mas não conseguiam ajudar. Porque, como dizia o meu melhor professor na Faculdade, “a linha entre a civilização e a barbárie é muito ténue”, e a praxe, quando não é sentida e é apenas uma catarse de frustrações por parte de rapazes e raparigas frustrados e que se vêem com poder, é bárbara. É por isso que existem códigos orais. É por isso que a tradição em Coimbra ou no Porto não costuma levantar, a maior parte das vezes, quaisquer problemas. Notem como são os novos institutos, as novas universidades, quem mais aparecem nos cabeçalhos dos jornais “fazendo os caloiros despirem-se, comer relva”, etc. A tradição é uma honra. Mesmo eu, que me considero de esquerda, o sei. E não vale a pena ser complexado, achar que quem é de esquerda é anti praxe por princípio porque o deve ou que quem é de direita é a seu favor porque tem de ser. A praxe, nesse caso, é como o futebol: foram os passeios ao Domingo, com o meu avô, que me fizeram ver a irracionalidade que tenho no meu Futebol Clube de Famalicão. E a razoabilidade também, não esqueçamos. E foram os conselhos, as brincadeiras, os julgamentos, a amizade do Grupo de Fados quem isso mo fez sentir pela praxe. É claro que sem bons pais não há bons filhos, que sem filhos bem ensinados não hão-de existir bons pais. Por isso me preocupo cada vez mais. A praxe é uma coisa de elites, é sim senhor. E isso não é nada mau. Não de uma elite que viu o Senhor Deus quando mais ninguém vê. Antes de uma que a escolhe, não que por ela se sente obrigada na escolha. Porque – novos complexos se levantam – as elites são necessárias: elites culturais, elites científicas, elites técnicas (e falo dos pedreiros, e dos sapateiros como elites sem desprimor para quem é bom e faz da sua arte o seu ofício). E esta generalização vazia do conceito de praxe, da capa, do que ela representa ou deve representar, dos símbolos nela inseridos – tantas vezes mostrados como luzes numa árvore de Natal (um conselho amigo para quem me lê e usa o traje: este é escuro para não ser notado – e para que não se notem as nódoas, tudo bem – não se façam notar mostrando esses “cromos” como semáforos a meio da noite e do dia) – os rasgões nela produzidos, as cachopas nela protegidas, o sono quem com ela abraçamos, esta generalização da praxe, dizia, poderá por término à tradição. Fica o desafio para quem tem a responsabilidade – e todos a deverão ter, um traje é sempre uma responsabilidade – para quem é veterano não apenas por antiguidade mas por merecimento: regulem, finalmente. Dentro da diversidade existente nas academias, com “livros brancos da praxe”, com estatutos, com tradição oral mais vivida. Ouvindo quem, no fundo, ama a capa como ama o pai que chorou quando nos viu com ela. Eu não que o meu tempo já passou, mas existem outros pais.

Termino com uma palavras aos caloiros que alargo aos doutores mais noviços: não se pode ter tudo. A praxe e o traje são uma responsabilidade e um pacote uno e indivisível. Não encontrem a tradição vazia de sentido e desfilem trajados na Queima das Fitas ou na Recepção ao Caloiro “porque me vingo do que me fizeram”. Se a acham vazia, distanciem-se. E se têm algo para vingar é porque foram mal praxados na vossa recepção, sim, mas também porque o deixaram ser. Sem qualquer tido de problemas, sejam capazes – digam que não querem respeitando quem quer. Só assim ela poderá evoluir para a elite que falei, sem a inclusão de pessoas que a não querem. Nunca exclusiva, isso tem ser uma verdade inquestionável. Mas não inclusiva de tudo e todos, mesmo daqueles que lhe não têm qualquer respeito. Vivemos num país ainda com alguns complexos que nos foram deixados pela revolução de 74, que acha que todos devem ser iguais. E não somos e isso é que é o mais bonito, mostrou-me também o mesmo professor. Não temos todos de gostar das mesmas coisas. Se não acham piada à ideia, tudo bem. E quem gosta que aprenda com os mais velhos o significado mais lindo do traje. Entendam por favor que a recepção ao caloiro é só uma pequena parte da vida académica universitária e de uma praxe vista como uma forma de estar e viver os anos universitários. “Os nossos melhores anos”, não é o que dizem todos?"